O acesso ao crédito é um dos desafios enfrentados por pequenos empreendedores. Restrição cadastral, ausência de formalização do negócio e altos juros são alguns dos problemas encontrados nas instituições financeiras por quem tem um pequeno negócio e deseja investir. A solução encontrada pela ONG São Paulo Confia, que desenvolve uma experiência de banco solidário, foi estabelecer uma relação de ajuda mútua entre os empreendedores.
O projeto, desenvolvido no município de São Paulo, funciona assim: um grupo de 3 a 10 pessoas, que têm o negócio na mesma comunidade e com situação financeira parecida, se compromete solidariamente a honrar os compromissos do empréstimo. Em poucas palavras, se um não consegue pagar, o grupo assume a dívida e depois resolve entre si a pendência.
Assim, as dificuldades encontradas para acesso ao crédito nas instituições financeiras são superadas pela ação solidária proposta pelo Projeto. A comprovação de renda, por exemplo, é resolvida através da tecnologia "Efetivo Ganho de Renda". Tal técnica foi desenvolvida pela ONG e permite que o Agente de Crédito avalie a volume de recursos a ser concedido para cada pessoa, bem como as condições de pagamento.
Desde 2001, quase 40 mil empreendimentos acessaram créditos. De acordo com Ellon de Campos, coordenador executivo da organização, os tipos de negócios são diversificados, mas percebe-se um grande número de comércio de cosméticos de porta em porta, salões de cabeleireiro e setor alimentício. Hoje, cerca de 9 mil e 500 empréstimos estão ativos.
O vínculo de confiança e de solidariedade vem resultando em um baixo índice de inadimplência. "O índice é de apenas 2,5%, envolvendo um montante de mais de 12 milhões de reais". Cada pessoa pode acessar o valor máximo de 15 mil reais para os empréstimos.
Para o coordenador executivo, programas de transferência de renda são importantes, mas são ainda mais significativos quando complementados pelo empreendedorismo e pela economia solidária. "O banco possibilita que, através dessa rede, novas oportunidades surjam. As pessoas passam a ter acesso a informação e ter melhores condições de educação e saúde, por exemplo. Tem sido uma ferramenta efetiva de inclusão social", acredita.
Além dos valores solidários impulsionados pela formação dos grupos, Ellon aponta outro elemento fundamental para sustentabilidade do banco: o papel do agente de crédito. Os empreendedores são acompanhados quinzenalmente e recebem informações sobre como pode ser feita a formalização do negócio, sobre como acessar a previdência, como estabelecer uma boa prática administrativa, dentre outros temas.
Para tanto, os agentes são capacitados na "Academia de Microfinanças". Tal instrumento foi criado pela São Paulo Confia para possibilitar uma seleção e formação continuada de Agentes de Crédito. Administração, Marketing, Direito, Higiene são alguns dos temas abordados.
Para mais informações: http://www.saopauloconfia.org.br