03 de junho
Indignados com o descaso do governo frente a tantos conflitos de terra envolvendo povos indígenas e quilombolas, e cansados da ausência de políticas de reforma agrária no Mato Grosso do Sul, movimentos sociais resolveram levantar suas bandeiras de luta e levar essas reivindicações para as estradas com a realização da Marcha dos Povos da Terra, iniciada nesta segunda-feira (3).
A atividade, que dá início às Jornadas Unitárias de Luta, começou na manhã de hoje no município de Anhanduí e já reúne cerca de 400 participantes. A expectativa é que pelo menos mil pessoas se somem à marcha que chegará à capital do estado, Campo Grande, entre quarta e quinta-feira.O Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), organizações indígenas, sindicais, de estudantes, entidades em defesa dos direitos humanos e outros movimentos do campo participam da jornada. Eles pedem a demarcação das terras indígenas, e a titulação e demarcação dos territórios quilombolas.Dentro da programação de atividades, os/as participantes também terão momentos de estudos e formação política. Segundo Atiliana, durante o trajeto serão realizados os "Barrancos de Formação”, momentos em que os movimentos organizam debates com grupos temáticos sobre questões indígenas, reforma agrária, mulheres e outros.A mobilização acontece num momento estratégico para os povos do campo, já que os conflitos por terra entre empresas, fazendeiros e indígenas vitimou na semana passada o líder terena Oziel Gabriel e deixou outros quatro feridos. Ele foi morto a tiros durante um processo de reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. O local está dentro da área de 17,2 mil hectares reivindicados pelos indígenas. Nesta região vivem cerca de 4,5 mil índios em nove aldeias.
Os movimentos do campo consideram essa jornada uma importante ocasião para lutar contra o agronegócio, o latifúndio e a desterritorialização que tem impactado os povos da terra.
Fonte: Adital