Mudanças estruturais em pauta na mobilização de 11 de julho

  • 11 de julho

Desde a campanha das "Diretas Já”, na década de 1980, não tínhamos mobilizações de rua tão vigorosas. Os protestos que eclodiram com a indignação da juventude foram apenas a ponte de um iceberg dos graves problemas sociais e econômicos que persistem na nossa sociedade.
De um lado, as grandes cidades se tornaram um inferno, em que os trabalhadores pagam caro por um transporte público de má qualidade. Além disso, ficam de duas a três horas no trânsito, que é um tempo perdido de suas vidas.Quem se iludiu com as facilidades para comprar um carro, financiado pelo capital financeiro internacional, está se dando conta que pagou caro e não consegue andar. Já as montadoras e bancos associados nunca enviaram tanto dinheiro para o exterior como agora.
De outro lado, a vida política do país é uma vergonha. Os parlamentares representam apenas seus financiadores de campanha. O Poder Judiciário é um poder oligárquico, sendo o último dos poderes ainda não republicano.Todos os dias saem notícias de suas falcatruas, que ficam impunes. Até o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, usou recursos públicos para assistir um jogo da seleção brasileira… A Rede Globo não denunciou e, coincidentemente, acaba de contratar o filho do ilustre magistrado. Tudo a ver!Diante dos protestos, o governo Dilma teve que sair de seu pedestal para dialogar com as ruas, propondo uma reforma política, uma Assembleia Constituinte e um plebiscito popular. E, finalmente, a presidenta passou a se reunir com os setores organizados, o que não fez ao longo de dois anos e meio de mandato.As elites tentam controlar as ruas e impor uma pauta de direita. No entanto, não conseguiram. Sobrou-lhes o papel de atiçar uma polícia despreparada e infiltrar grupos fascistas e serviços de inteligência das polícias para provocar violência e descaracterizar o movimento. Não conseguiram. Quanto mais reprimem, mais o povo se rebela.

João Pedro Stedile
Adital