30 de junho de 2011
Transformação social. Isso é o que Lourdes Marchi, uma das organizadoras da Rede de Trocas Solidárias de Curitiba e região metropolitana, no Paraná, acredita que acontece com as participantes dos Clubes de Trocas. "Estamos resgatando a autoestima. No começo a ideia era tirar as pessoas da situação de miséria, de pobreza. Hoje elas são outras pessoas, mais felizes e alegres".
O relato de Lourdes refere-se à experiência dos Clubes de Trocas em Curitiba e região metropolitana. Fundado no Paraná em 2001 por uma equipe de 11 pessoas, hoje, a área da capital paranaense já possui oito grupos com mais de sete pessoas em cada.
De acordo com a organizadora da Rede, 90% das participantes são mulheres que moram nas periferias das cidades e têm mais de 30 anos. O grupo recebe formações, oficinas e fazem reflexões e apresentações sobre os produtos e as ações baseadas na economia solidária.
"A gente orienta que a ideia é não acumular a moeda social, pois só vão acumular papel, porque não podem comprar nada no mercado", explica. Assim, o Pinhão, como a moeda social na região é denominada, só é utilizado nos Clubes de Trocas. "Toda riqueza deve ser consumida no clube. A pessoa leva a produção para o grupo e volta com a sacola cheia de outros produtos", comenta.
As participantes trocam desde verduras e legumes produzidos nas hortas dos quintais das casas até artesanatos e roupas usadas que estejam em bom estado. As decisões são tomadas em conjunto.
Há momentos em que até mesmo o valor do produto é discutido entre as participantes. "O grupo ajuda a estabelecer o valor. Algumas criticam quando está alto ou baixo. Assim, elas aprendem coletivamente a dar o valor justo, sem explorar o trabalho". Lourdes lembra que muitas mulheres chegaram ao grupo com autoestima baixa e hoje estão no mercado de trabalho, são lideranças na comunidade e até mesmo coordenadoras de grupos. Os Clubes de Trocas no Brasil são inspirados no modelo da Argentina surgido na década de 1990.
Karol Assunção