17 de outubro
Uma ameaça ronda as cédulas próprias criadas em áreas carentes por causa de projeto do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) contra a precarização dos correspondentes bancários. "Corremos o risco de matar o boi para tirar o carrapato", diz Joaquim Melo, do Banco Palmas. - Brasília
Há dois anos houve um assalto a um banco comunitário de Fortaleza. Havia em caixa o valor correspondente a R$ 700 em moeda social da localidade, e mais R$ 200. Os ladrões só levaram a moeda oficial, sem saber que já há no Brasil 63 moedas e que até junho de 2012 elas serão 74. Neste ritmo, no último dia 15, uma área do Rio de Janeiro conhecida como cenário de filmes policiais ganhou um novo roteiro, com o lançamento da cédula própria da Cidade de Deus. Outro reduto carioca barra-pesada também vai merecer o afeto da chamada economia solidária: o Complexo do Alemão.
Acima das dificuldades naturais de um empreendimento econômico fundado na solidariedade, os bancos comunitários que movimentam essa moeda enfrentam mais um grave problema. Projeto de decreto legislativo elaborado pelo deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) ameaça tirar um dos principais sustentáculos dessas instituições que atuam em áreas pobres onde nenhum conglomerado econômico já imaginou fincar estacas - a função de correspondente bancário.
O Banco Central admite a novidade como moedas complementares. Ficam no mesmo patamar do tíquete-alimentação e do vale-transporte. Mas fazem a diferença pelos bolsões do interior para aquecer a economia local sem deixar sair o dinheiro da comunidade.